Apontamento #9
Sábado, véspera da partida. Algum
descanso, derradeiras incursões pelos âmagos eborenses, uma ou outra compra de souvenirs para os amigos de lá. Fazer as
malas… e deixar correr as horas, num misto de ansiedade e nostalgia.
Mas, à noite, ainda houve pretexto
para mais um reencontro com a cidade e com os companheiros lusos - um magnífico
recital de piano, integrado nos Concertos de Outono da Fundação Eugénio de
Almeida. Obras de Brahms, Debussy e Liszt, excelentemente interpretadas por
João Bettencourt da Câmara, constituíram uma espécie de
homenagem/reconhecimento aos seis “aventureiros” que em breve nos deixariam.
E amanheceu. Era domingo. Chegou
o Hugo com o seu minibus. Havia que
partir. Um sol radioso procurava contrariar a tristeza que se ia apoderando dos
espíritos. Ainda algumas lembranças e muitos abraços…
Adeus! Goodbye! See you later?! Até
sempre!
O percurso até Lisboa seria
relativamente rápido. Mas a “fada providencial” ainda tinha uma última surpresa
para oferecer aos nossos convidados: um mergulho no nosso “mar salgado”. Foi um
momento inenarrável de felicidade, quase infantil, para todos os que o viveram.
E “depois do
adeus”… o céu!
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
(Fernando Pessoa)