Depois de nos últimos três dias termos andado pelos meandros
do voluntariado puramente social (imigrantes, deficientes e crianças),
regressaríamos hoje ao campo do voluntariado cultural, desta vez para o
integrar numa lógica ao mesmo tempo ambiental e social.
Nesse sentido, e conforme programado, saímos bem cedo em
direcção ao “Skanzen Open Air Museum”, a cerca de 30 Km de Budapeste,
acompanhados pela Judit, pela Erzsi e pelo Tibor .
Uma vez aí, fomos amavelmente recebidos pela directora da
instituição (Zsuzsa), por uma colaboradora profissional (Lilla) e por uma
voluntária sénior (Agnes).
No decurso de uma reunião informal, a directora do museu
começou por nos explicar, detalhadamente, a natureza e a razão de ser do
projecto sócio-cultural-ambiental que lidera, fazendo questão de sublinhar que
se trata do maior "museu a céu aberto" da Hungria e um dos maiores da
Europa. Acrescentou ainda que, tendo começado (há quarenta anos) por ser,
apenas, um museu de arquitectura, ele é hoje um "complexo
etnográfico" representativo dos modos de vida tradicionais de oito regiões
da Hungria, através do qual se procura trazer para o presente, e levar para o
futuro, os traços fundamentais que definem as gentes de uma nação com mais de
dez séculos de história.
Houve ainda oportunidade para que, a pedido daquela
responsável, cada um de nós expusesse brevemente a sua própria experiência de
voluntariado, após o que fomos conduzidos às oficinas de restauração do museu.
Apresentados aos técnicos que aí trabalhavam, e depois de
devidamente equipados para o efeito, fomos integrados nas actividades em curso;
e durante cerda de duas horas, procedemos a diversas operações relacionadas com
a recuperação de peças museológicas em processo de tratamento e catalogação.
Seguiu-se um frugal almoço de trabalho no interior de uma
adega típica (parte integrante do museu), findo o qual fomos encaminhados para
o terraço do edifício administrativo do complexo, onde procedemos à extracção e
eliminação das ervas daninhas que infestavam o piso (com cerca de 200 m2 de
superfície). A propósito, foi-nos dito que a intervenção se revestia de
especial relevância pelo facto de esse mesmo espaço (contíguo a uma ampla sala
de reuniões) ir ser utilizado nos próximos dias, no âmbito de um evento que ali
irá ter lugar.
Terminada essa árdua tarefa (desenvolvida ao sol e com uma
temperatura do ar a rondar os 30 graus centígrados) fomos então presenteados
com uma agradabilíssima visita a diferentes secções do museu, para o que
utilizámos, por duas vezes, o comboio privativo do complexo, que o percorre
ininterruptamente ao longo do dia. A par disso, fizemos longas caminhadas a pé
entre as diferentes edificações, apreciando os detalhes, conversando com os
protagonistas (que ali desempenhavam os respectivos papéis com todo o
realismo), e interagindo com outros visitantes (entre eles, imensas crianças
das mais variadas proveniências).
E, entretanto, chegou a hora de encerramento do complexo.
Conduzido pelo Tibor, o nosso minibus levou-nos então a
passear a uma pequena vila nas imediações do museu, mesmo à beira do Danúbio –
Szentendre.
O entardecer apresentava-se magnífico. O ambiente era acolhedor
e a paisagem convidava-nos à nostalgia. Fomos ficando por ali.
Jantámos calmamente, ao ar livre, no meio de conversas
cruzadas em que o português se misturava com o húngaro e com o inglês, num
linguajar que, longe de separar, unia e fortalecia.
Era noite. Voltámos à nossa casa emprestada. Por mais uns
dias (poucos)...
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